José Araújo Lima Filho
Ativista

Ativista
José Araújo Lima Filho (1957–2019) foi um dos grandes nomes do movimento de luta contra a Aids no Brasil. Com mais de 30 anos de militância, dedicou sua vida à defesa dos direitos humanos, à valorização do Sistema Único de Saúde (SUS) e à construção de políticas públicas voltadas às pessoas vivendo com HIV e às populações socialmente vulneráveis.
Vivendo com HIV desde 1985, tornou-se referência nacional e internacional pela sua atuação incansável, sua postura crítica e sua capacidade de articulação entre sociedade civil, governo e instituições de pesquisa. Ao longo da vida, esteve à frente de importantes organizações e redes, como o Espaço de Prevenção e Atenção Humanizada (EPAH), o Grupo de Incentivo à Vida (GIV), a Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e Aids (RNP+ Brasil) e o Movimento Paulistano de Luta contra a Aids (Mopaids).
A trajetória de José Araújo Lima Filho começou nos primeiros anos da epidemia, no início da década de 1990, quando passou a trabalhar na recepção do Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids de São Paulo (CRT-Aids). Nesse espaço, ele acolhia pessoas recém-diagnosticadas e ajudava a criar laços de solidariedade e apoio mútuo entre os pacientes.
Sua vivência diária com o impacto da Aids e a falta de políticas públicas adequadas despertou nele o desejo de transformar indignação em ação. A partir dali, tornou-se um dos primeiros ativistas brasileiros a levantar a voz por melhores condições de tratamento, acesso universal à saúde e combate ao estigma. Seu envolvimento cresceu rapidamente, levando-o a participar da fundação de grupos e redes que marcaram a história da resposta à epidemia no Brasil.
Ao longo de sua trajetória, José Araújo Lima Filho desempenhou um papel fundamental na organização do movimento social de Aids no Brasil. Foi um dos articuladores da RNP+ Brasil (Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e Aids) e do Fórum das ONG/Aids de São Paulo, que fortaleceram a representatividade e a voz das pessoas vivendo com HIV em todo o país.
Como diretor-presidente do Espaço de Prevenção e Atenção Humanizada (EPAH), liderou ações de cuidado e acolhimento voltadas a crianças e adultos soropositivos. Atuou também na Associação François Xavier Bagnoud (AFXB) e foi membro da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), onde defendeu os direitos de participantes de estudos clínicos.
Além disso, manteve parcerias com organizações no Japão, promovendo trocas de experiências sobre prevenção e autocuidado entre brasileiros residentes naquele país.
Seu legado de compromisso e resistência é hoje reconhecido pelo Prêmio José Araújo Lima Filho de Ativismo e Direitos Humanos, criado pelo Mopaids em sua homenagem.