Agência Aids
17/02/2023
O Ministério da Saúde lançou nesta sexta-feira (17), a campanha 2023 de prevenção de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) durante o Carnaval. Neste ano, o foco é a prevenção e proteção contra IST/ HIV, além da importância de estar imunizado contra o vírus da Covid-19.
Segundo a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), Ethel Maciel, cerca de 108 mil pessoas no país vivem com HIV e não sabem, portanto, para além da proteção, a pasta quer disseminar informação sobre os riscos do sexo desprotegido com a campanha. “Essas pessoas são jovens e estão no carnaval. O primeiro passo da prevenção é ter o diagnóstico. Precisamos que nossos jovens saibam da preocupação, da dificuldade de tratamento, eles não viram o que nossa geração viu, nossos ídolos que morreram de aids. Por isso a campanha é essencial”, afirmou a secretária.
Em entrevista à Agência Aids, ativistas comemoraram a volta de campanhas com foco na prevenção do HIV/aids. “Gostei bastante da diversidade expressa nos materiais. Saímos do pânico moral, engendrado nos últimos 4 anos, que corroborou com o aumento de novas infecções e a diminuição da qualidade de vida das pessoas”, disse o ativista Beto de Jesus, da AHF Brasil.
De Pernambuco, a militante Alessandra Nilo, da Gestos, também comemorou: “não esperávamos outra coisa de um governo realmente comprometido em cuidar da saúde e das pessoas.”
Na avaliação do sanitarista Salvador Côrrea, “a campanha de prevenção voltou a ser diversa, respeitosa, alegre e alinhada aos direitos humanos das populações historicamente estigmatizadas. É emocionante ver uma campanha pautada na alegria e no amor, com participação de pessoas negras, pessoas trans, gays.”
Confira a seguir:
Eduardo Barbosa, coordenador do Mopaids (Movimento Paulistano de Luta Contra Aids): “Acredito que esta campanha para o Carnaval 2023 é uma retomada da prevenção com o respeito a diversidade e inclusão. Sabemos que falar para todas as pessoas em campanhas é bastante difícil, existe a necessidade de comunicação mais próxima do sujeito mais exposto. As peças apresentam a prevenção associadas a alegria e amorosidade; bem como ao respeito a diversidade e não preconceito. É um bom reposicionamento do Ministério da Saúde.”
Marta McBritton, presidente do Instituto Cultural Barong: “Que bom que voltou! Gostamos muito (equipe Barong) da campanha, takes precisos, diversidade representada. Também acompanhei o lançamento e compactuo com a fala do dr. Draurio Barreira que é possível sim diminuir significativamente a circulação do HIV se trabalharmos com os jovens em todos os contextos (escolas, lazer, acesso a serviços, privados de liberdade, etc). Pensando em voltar, que maravilha se a vacinação contra o HPV voltasse as escolas!”
Rafaela Queiroz, do Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas: “Muito importante que o Ministério da Saúde retome campanhas nessas datas celebrativas, mas espero que retome e faça também campanhas no ano inteiro. Sempre bom reforçar que campanhas informativas sejam vinculadas sempre e não somente nessas datas, afinal relações sexuais ocorrem todo mês. A campainha deste ano, os folder que tive acesso no site gov.br trazem as camisinhas (interna e externa) o que é ótimo a visibilidade da camisinha interna quase sempre não mostrada e falada nas campanhas, inclusive as do cartaz são a de borracha nitrílica, que teve uma redução de compra significativa, pois a compra maior foi a de borracha natural (látex) que é um material alergênico, seria então uma possível retomada da compra em maior quantidade deste insumo não alergênico? Ainda nos folders fala para buscar informações de PrEP E PEP, mas porque não fazer uma campanha que fale mais detalhes dessas profilaxias importantíssimas, principalmente da PEP, que pode evitar uma possível infecções pelo HIV se buscada até 72h se a camisinha romper ou não ser usada, ainda quase ninguém sabe dessas informações! Bem não foi divulgado o vídeo da campanha ainda, mas nos folders vimos a ausência do gel lubrificante, este que tem um papel essencial para não rompimento dos preservativos, ou seja, um grande alinhado que vem faltando nas unidades básica de saúde. O desafio de informar com qualidade ainda é grande, mas notamos que há uma ausência de campanhas alinhadas ao movimento de luta contra a aids que faz ações durante todo ano e sabe o que na ponta chega e não chega, tanto de insumo como de informação.”
Alessandra Nilo, da ONG Gestos Comunicação e Soropositividade: “Importantíssima a volta das campanhas e não esperávamos outra coisa de um governo realmente comprometido em cuidar da saúde e das pessoas. Nos últimos anos vimos o investimento em comunicação minguar no país, dar informações corretas e orientar as pessoas, além de garantir os insumos a todes, é um papel fundamental da saúde que vinha sendo relegado, substituído pelas fakes news e desinformações.”
Beto de Jesus, ativista pelos direitos humanos e diretor da AHF Brasil: “É tão bom estar de volta! Esse é o sentimento que tenho ao ver a Campanha “Voltou o carnaval e com camisinha a alegria é geral”, do Ministério da Saúde para o carnaval 2023. Gostei bastante da diversidade expressa nos materiais. Saímos do pânico moral, engendrado nos últimos 4 anos, que corroborou com o aumento de novas infecções e a diminuição da qualidade de vida das pessoas. Nenhuma política pública pode culpabilizar as pessoas por sua sexualidade, nem negligenciar as populações mais vulneráveis para o HIV, tampouco apagar a agenda dos direitos sexuais. ‘Nossa carne é de carnaval’, isso é o Brasil de novo… é lindo ver a ministra da Saude Nísia Trindade dando um choque de civilização, colocando o Ministério da Saúde a serviço realmente das pessoas. É reconfortante ver na sua fala que a ciência e o respeito aos direitos humanos voltaram para onde nunca deveriam ter saído. No mais, bote a camisinha e vá ser feliz com quem te faz feliz! Estamos de volta!”
Salvador Corrêa, psicólogo, ativista do movimento de aids e doutorando do Instituto Fernandes Figueira (Fiocruz): “A campanha de prevenção às IST/aids/HV do Ministério da Saúde em 2023 volta a ser diversa, respeitosa, alegre e alinhada aos direitos humanos das populações historicamente estigmatizadas. É emocionante ver uma campanha pautada na alegria e no amor, com participação de pessoas negras, pessoas trans, gays. Logo nas primeiras palavras da declaração da ministra Nísia Trindade é utilizado o uso da linguagem neutra para cumprimentar as pessoas (todEs), de forma exemplar, respeitando a população não binária. O foco no combate ao preconceito e na eliminação da discriminação de todas as formas, somada ao incentivo ao uso da camisinha são ingredientes que a história já provou eficaz. Ver o Ministério da Saúde renascendo das cinzas, resgatando a agenda da prevenção combinada, alinhada ao enfrentamento da discriminação é um grande incentivo para o retorno da prevenção. Certamente ainda há muito para se avançar, com mais participação da sociedade civil organizada, mobilização ampla da sociedade, incluindo empresas, gestores das esferas municipais e estaduais, ONGs, redes e coletivos como o outubro rosa tem conseguido fazer. Que venham todas as cores somar por um cuidado integral. Queremos ver campanhas de prevenção ao HIV e IST ainda mais ousadas pela frente, que efetivamente colabore com a aceitação da diversidade e respeito. A campanha também não é facilmente encontrada no site do departamento, que precisa ser melhorado. No entanto, recomeçar com alegria, prevenção combinada, amor e não discriminação é um passo certo na direção da reconstrução da política de Aids. O Ministério da Saúde acerta no slogan: “Voltou o carnaval e com a camisinha a alegria é geral”. Que possamos replantar a solidariedade como guia, base de nosso movimento. Em uma entrevista concedida ao Jô Soares em 1990, o escritor, ativista e fundador do Grupo Pela Vidda Rio, Herbert Daniel disse: “a gente tem que tomar a vida pelo lado do banquete que ela é.” Que a alegria possa conduzir o nosso melhor lado, que ainda está por vir. Que no banquete da vida, tenhamos a firmeza no enfrentamento das inequidades sociais, com eliminação da fome e do estigma. Que possamos renascer, cada vez mais, das mortes sociais que ainda assolam a sociedade para que gritemos com fervor: VIVA A VIDA!”
Toni Reis, da Aliança Nacional LGBTQIA+: A saúde voltou, voltou o Carnaval, essa é a primeira folia depois da pandemia de Covid-19, parabéns ao Departamento de Aids e o Ministério da Saúde por essa campanha. É sempre importante, campanha nunca é demais, as pessoas precisam ter acesso a informações corretas para que elas reduzam os danos, e se divirtam com prevenção.”
Márcia Leão, do Fórum de ONGs/Aids do Rio Grande do Sul: “Parabenizo o Ministério da Saúde por retomar as campanhas, assim como apresentar além do uso do preservativo, a PEP e a PrEP. Acredito que a linguagem mais inclusiva e a possibilidade de se falar para todas as pessoas, não trazendo um único público como sendo o destinatário final é um avanço. No entanto, sinto falta do diálogo com a sociedade civil em todas as etapas da campanha (concepção, construção, veiculação), esperamos que para a avaliação sejamos chamados. Em um momento de reconstrução e união esperávamos que a sociedade civil participasse do processo como em idos tempos.”
Confira o vídeo da campanha:
Confira os cartazes da campanha:
